O desenvolvimento das câmeras digitais tem sua origem nas pesquisas militares durante a Segunda Guerra nos Estados Unidos. Assim como o computador teve grande impulso neste período, as comunicações digitalizadas por meio de mensagens criptografadas foram testadas e utilizadas como táticas de guerra.

A Guerra Fria foi uma das responsáveis pelo surgimento da Internet, pois os militares americanos queriam desenvolver um sistema de comunicação integrada que não ficasse baseado em um ponto central e sim em vários pontos, que seriam ao mesmo tempo servidores e clientes de uma grande rede nacional.

Filho do mesmo período da Guerra Fria, o programa espacial americano foi o responsável pelo desenvolvimento da tecnologia fotográfica digital. As primeiras imagens digitais capturadas sem filme foram feitas pela sonda Mariner 4, em 1965, e registraram a superfície de Marte. Ao total foram feitas 22 imagens em branco e preto, que tinham na época 0,04 megapixels (400 pixels) e que levaram quatro dias para chegar à Terra. Tecnicamente estas imagens ainda não eram totalmente digitais, pois utilizavam os princípios analógicos de captura do sistema de televisão.

Um ano antes, em 1964, a RCA criava em seus laboratórios o primeiro circuito CMOS (Complementary Metal Oxide Semiconductor), que viria ser o embrião para o CCD (Charged Coupled Device), que equipa as câmeras digitais atuais e é responsável pela captura das imagens. O CMOS é composto por pequenos circuitos que utilizam muito pouca energia e guardam informações como data, hora e parâmetros de configuração de sistemas. Eles são usados em aparelhos portáteis e computadores.

Primeiro CCD
O primeiro CCD foi desenvolvido pela Bell Labs em 1969, e teve sua primeira versão comercial feita pela Fairchild Imaging, em 1973. Ele tinha o nome de 201ADC e capturava imagens com resolução de 0,01 megapixels (100 pixels).

A Kodak apresentou em 1975 o primeiro protótipo de câmera sem filme baseado no CCD da Faichild Imaging. Ele pesava 4 Kg e gravava as imagens em uma fita cassete. No ano seguinte a própria Fairchild lançaria a primeira câmera sem filme para uso comercial da história, a chamada MV-101.

A primeira câmera totalmente digital foi a Fairchild All-Sky Camera. Ela foi um experimento desenvolvido pela Universidade de Calgary, no Canadá, baseado no CCD 201ADC da Fairchild. Ela obteve o status de digital, pois foi a primeira que utilizou um microcomputador, o Zilog Mcz1/25, para processar as imagens capturadas.

A Sony, em 1981, causou uma grande revolução ao colocar no mercado de consumo a primeira câmera digital —a Mavica, que capturava imagens de 0,3 megapixels (300.000 pixels) e custava algo em torno de US$ 12 mil. Ela tinha capacidade para armazenar até 50 fotos nos Mavipaks, que eram disquetes de 2 polegadas, percursores dos disquetes de 3 œ polegadas, inventados também pela Sony.

Como a Mariner 4, a Mavica (Magnetic Video Camera), era basicamente uma câmera de TV que congelava imagens. Ela utilizava três CCDs responsáveis pela captura colorida.

Em 1988, a Sony lançou as Mavicas C1 e A10 Sound Mavica, com captura de áudio, que custavam US$ 230 e US$ 350 respectivamente, tornando a tecnologia digital mais acessível ao consumidor.

Antes disso, em 1984, durante a Olimpíada de Los Angeles, a Canon utilizou seu protótipo de câmera de vídeo estático e fez, em parceria o jornal japonês Yomiuri Shimbum, a transmissão dos Estados Unidos para o Japão, via telefone, de fotos de 0,4 megapixels. As imagens levaram meia hora para chegar, e fizeram o Yomiuri dar um banho nos outros jornais, que dependiam de aviões para levar os filmes.

Para as massas
A primeira câmera digital realmente popular foi lançada em 1990. O modelo Dycam I tirava fotos em branco e preto com resolução de 320 x 240 pixels e podia armazenar até 32 imagens em 1 MB de memória interna. Dava para transferir as fotos para o computador utilizando uma cabo serial.

Na mesma época a Kodak introduziu no mercado a DCS-200, que possuía um disco rígido para guardar as fotos e tinha resolução de captura de 1,54 megapixel, quatro vezes mais que as câmeras de captura de vídeo estático existentes.

Em 1994 a Apple lançou a Quick Take 100, uma câmera digital colorida com resolução de 640 x 800 pixels e lentes de foco fixo de 50 mm. Ela podia guardar apenas 8 fotos em sua memória interna. Enquanto isso, também em 1994, a Olympus lançava a Deltis VC-1100, a primeira câmera com um sistema de transmissão de fotos integrado, que permitia enviar as imagens por modem ligados a telefones fixos ou celulares para outras câmeras ou computadores. A Deltris fazia imagens com resolução de 768 x 576 pixels e armazenava as fotos em cartões de memória removível.

A corrida continuava, e em 1995 a Ricoh lançou a RDC-1, a primeira câmera digital a capturar imagens em movimento com som, além é claro, de imagens estáticas. A Hitachi, em 1997, colocou no mercado sua MP-EG1, que foi a primeira câmera digital a transferir para o computador vídeos no formato MPEG. Neste mesmo ano a Sony lançou a Cybershot DSC-MD1, primeira a gravar imagens a laser em pequenos discos plásticos no formato JPEG. Em 1998, a Fuji introduziu a IN-Printer Camera, que gravava as fotos em cartão e permitia imprimir imagens do tamanho de um cartão de crédito diretamente da máquina.

A partir daí as empresas começaram uma disputa por dar mais resolução e capacidade de armazenamento para as câmeras. Hoje em dia, enquanto as máquinas de uso pessoal estão chegando aos 10 megapixels de resolução, as câmeras profissionais já estão batendo os 15 megapixels.

Fonte: https://tecnologia.uol.com.br/