Para a maior parte das pessoas, a fotografia tem um valor inestimável, acima de outros tipos de registros e recordações. A fotografia permite guardar um sorriso, uma vela de aniversário soprada há décadas, um troféu erguido, uma lágrima cheia de sentimento.

Ao longo da História contemporânea a fotografia foi elevada ao status de “representação fiel da realidade” justamente por sua capacidade de “congelar” ou recortar” um pedaço da vida. Neste contexto, a máquina fotográfica surge com uma extensão da visão humana, eternizando momentos.

A princípio a fotografia foi demonizada pelos artistas tradicionais que defendiam a arte de então como única e superior, porém com o avanço técnico e a popularização da fotografia, suas “aptidões” foram logo reconhecidas. Seu uso se ampliou, passando de simples registro de paisagens e retratos para diversas aplicações de cunho artístico, técnico e até científico.

O filosofo Vilém Flusser, europeu nascido em Praga e que veio para o Brasil na década de 1940, em sua obra A Filosofia da Caixa Preta – Ensaios para uma futura filosofia da fotografia (lançado originalmente no Brasil em 1983), trata do poder da imagem, da supervalorização da imagem fotográfica. Fala ainda do poder que a imagem assume no contexto social moderno, pois, se no início era utilizada como apoio ao texto impresso, hoje chega em alguns casos a superar o texto e se tornar o centro da comunicação visual. E quanto esta comunicação é potencializada por meio da união imagem + texto escrito, muitas vezes o texto é que passa a ter o papel de ilustrar a imagem, invertendo desta forma a tentativa original de explicar o texto por meio da imagem.

Abaixo uma comparação: inicialmente as imagens eram utilizadas como ilustração de apoio ao texto, como na publicação da Revista Life, junho de 1944, contendo as primeiras fotos de Robert Capa feitas no desembarque das tropas americanas na Normandia, o chamado Dia D. Agora, como nesta publicidade polêmica da grife Benetton, não existe a necessidade de um texto de apoio. Este anúncio foi lançado entre 1991 e 1992, no contexto do fim do Apartheid sul africano, permitindo inúmeras leituras e conseqüentes críticas por parte do observador.

Flusser diz ainda (sobre o gesto de fotografar) que “As possibilidades fotográficas são praticamente inesgotáveis. Tudo que é fotografável pode ser fotografado.” (FLUSSER. 1983, pág 53). Deste modo, a publicidade se apropriou e fez inestimado uso da fotografia. No universo multimídia de hoje ela ainda é utilizada como um dos principais suportes do meio publicitário, e agora se amplia como instrumento de divulgação que converge e deságua em novas mídias, em especial o vídeo.

Hipoteticamente podemos afirmar que a fotografia é uma extensão da visão publicitária. Isso aguça a curiosidade do consumidor (cliente) e o estimula a aceitar novas experiências de consumo. Podemos dizer então que a imagem é essencial para promover marcas e produtos. Empresas que utilizam recursos visuais adequados certamente estão a um passo de obter maiores êxitos em suas estratégias de comunicação e divulgação.

Fonte: maquinna.com.br